Nos últimos dias recebi muito no consultório a queixa: “ Dra, meu filho está com tosse há semanas, não sei mais o que fazer!”. Se você já passou por isso deve saber bem o quão angustiante é ficar com filho(a) tossindo um tempão, parecendo que nada do que é feito ou prescrito melhora!
A tosse é um mecanismo de defesa do organismo para ajudar a limpar as vias aéreas da secreção e microorganismos durante uma infecção e evitar que o alimento penetre no aparelho respiratório. É um sintoma e como tal deve ser identificada qual a causa, a doença por trás da tosse.
As causas mais frequentes nas crianças são:
– Infecções agudas de vias aéreas superiores (gripes e resfriados): geralmente causadas pelos vírus (pois é, as viroses para variar🙄). A tosse nesses quadros pode durar de 1 a 3 semanas em média. Se considerarmos que os pequenos na escola podem ter cerca de 10 infecções respiratórias no ano, faz as contas aí de quantos dias eles sofrem tossindo (de 70 a 210 dias/ ano)! 😥
– Rinite alérgica: desencadeada principalmente pela inalação de ácaros e poeira do ambiente, pode ser também agravada por irritantes como cheiros fortes, poluição e cigarro. Ocorre tosse por conta da respiração oral e entrada de ar ressecado nas vias aéreas, além do gotejamento de secreção pós nasal (mais informações no post de rinite)
– Asma: pode se apresentar como tosse seca (noturna ou após exercícios físicos), associada a cansaço, chiado e aperto no peito. Em alguns casos a tosse pode ser manifestação isolada da asma (mais informações no post de asma)
– Sinusite: pode ocorrer como complicação de gripes e resfriados e levar a tosses mais prolongadas. O diagnóstico é clínico sendo que em alguns casos pode ser indicada tomografia e nasofibroscopia. Muitas vezes é de origem Viral e, portanto, o tratamento não requer sempre uso de antibióticos.
Dentre outras causas de tosse persistente ou crônica estão: Doença do Refluxo Gastroesofágico, aspiração de corpo estranho e infecções bacterianas como tuberculose, coqueluche e pneumonias atípicas.
Mas e aí? Como tratar a tosse?
Deve-se lembrar que, como mecanismo de defesa, a tosse não deve ser inibida. Mas podemos ajudar com inalação com soro fisiológico a fluidificar as secreções facilitando sua eliminação. As inalações ajudam também a umidificar a via aérea na tosse seca, sendo o principal tratamento para auxiliar na melhora da criançada.
Precisamos então estabelecer o diagnóstico que levou à tosse para ver se há algum tratamento específico a ser considerado (como as bombinhas na asma, por exemplo).
Evitar exposição aos irritantes como cigarro e poluição e manter o calendário vacinal em dia é importante para não piorar o quadro e não contrair novos vírus e bactérias.
Quando devo me preocupar mais com a tosse?
– em recém-nascidos, principalmente associada a cansaço e cianose (pele e lábios azulados)
– pós engasgos associados à cianose
– quando prolongada por mais de 4 semanas
– se associada a outros sintomas como febre persistente, perda de peso e falta de ar, por exemplo
Se a tosse tem sido uma preocupação aí na sua casa, não deixe de conversar com seu pediatra para tentar identificar qual a causa e o tratamento mais adequados. Na suspeita de rinite alérgica ou asma procure um pneumologista ou alergologista pediátrico! 😉
E lembre que nenhuma postagem substitui a consulta médica.
Fontes:
https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/cuidados-com-a-saude/tosse/
Manejo da tosse crônica na infância, SBP 2007-2009